O Raspberry Pi 400 é um bom PC para uso básico? Eu testei! Review

Onde comprar? Ali Express (AQUI ou AQUI)

Eu já tive algumas versões diferentes dos Raspberry Pi, os tão famosos computadores que se resumem a minúsculas placas. Além do baixo preço e da versatilidade, sempre os admirei por serem peças surpreendentemente robustas e bem construídas. Foi por isso que fiquei muito empolgado quando soube do Raspberry Pi 400, a versão mais parecida com um PC caseiro até agora.

Neste caso, a fabricante embutiu uma variante do Pi 4 num simpático teclado, que pode ser vendido avulso ou em conjunto com acessórios: mouse oficial, cabos, cartão micro SD e manual ilustrado. Foi esse o kit que importei da China e me custou algo em torno de 150 dólares. Chegou aqui em 44 dias, livre de taxações.

A caixa é bonita, não é?

Devo dizer que a apresentação da embalagem é muito bonita, parece até um produto feito por empresa veterana no segmento. Recebi o teclado no padrão americano, mas escolhi a fonte europeia por ser compatível com o padrão de tomadas do Brasil – a opção é feita pelo comprador na própria loja.

A fonte europeia (“EU”) tem o mesmo plug das tomadas brasileiras.

O teclado é todo plástico, mas tem estrutura rígida, que não afunda durante a digitação. Seu feedback é algo intermediário entre clicável e fofo, com profundidade um tanto quanto rasa. Ao sair do meu teclado mecânico que sempre utilizo, precisei de um tempo até me habituar e parar de cometer erros, mas foi um aprendizado de apenas um ou dois dias.

O mouse combina direitinho.

Na traseira, estão todas as conexões: USB-C para força, USB-A, micro HDMI (o cabo incluso tem uma das pontas nesse formato), cartão micro SD, rede cabeada e os clássicos pinos para se conectarem outros hardwares. Há suporte para Wi-Fi Dual Band e Bluetooth. O mouse também é ligado ali atrás – ele é bonito e faz o trabalho, mas trata-se de um modelo óptico bastante simples, com rodinha emborrachada.

Boa conectividade.

Como disse antes, o conjunto é impulsionado pelo processador Broadcom BCM2711, um quad-core Cortex-A72 também encontrado no Raspberry Pi 4, embora aqui ele tenha um overclock para 1.8GHZ. A memória RAM é de 4GB e acompanha um cartão micro SD de 16GB já com o Raspberry Pi OS, uma variante Linux antes conhecida como Raspbian. Basta ligar na tomada e o sistema se inicia.

Aqui começo a responder minha principal pergunta sobre o Pi 400 antes de adquiri-lo: ele funciona bem como um computador caseiro para uso básico?

A interface é similar à do Windows, ou à de distros Linux famosas.

A tela inicial do Raspberry Pi OS é amigável: uma área de trabalho com barra superior que eu trouxe para baixo, deixando-a como no Windows. Percebi que a escala da imagem estava estranha após o primeiro boot, como se a resolução fosse muito mais alta que a do meu monitor. Uma rápida busca em fóruns e descobri que a solução era fácil, alterando uma opção no “menu iniciar”.

Falando desse menu, ao mexer nele percebi que o sistema já inclui aplicativos úteis pré-instalados, com destaque para o pacote Libre Office. Os programas funcionaram muito bem pra mim, com pequena curva de aprendizado para um usuário de longa data do Microsoft Office. Observo que, ao abrir arquivos Word antigos, com muito texto, tabelas e formatação sofisticada, o Libre Office teve problemas para manter tudo idêntico. É uma inconveniência para a qual não existe total solução. De qualquer forma, para quem começa do zero com o Pi 400, não haverá esse percalço.

Como é o desempenho no cotidiano? Eu diria que é de regular para bom. Navegando na web com o Chromium, é perceptível que páginas pesadas de grandes portais, ou mesmo a home do YouTube, levam algo como 10 segundos além do convencional para serem carregadas. A rolagem do cursor nesses sites também é uma fração de segundo menos fluida. Ao abrir um vídeo do YouTube, o carregamento inicial pode exigir alguma espera, embora eles rodem sem problemas uma vez que começam a ser exibidos. Vi muito conteúdo em HD no YouTube e no Netflix sem problemas.

É nessa lombada inferior que ficam os componentes principais.

Dentro do sistema operacional, a performance é limpa e até me surpreendeu. De maneira geral, este me pareceu um computador perfeitamente utilizável para navegação, edição de texto e tarefas similares. Recentemente, testei um laptop com Celeron, armazenamento eMMC e Windows 10, em que os resultados foram parecidos com os do Pi 400. Já em comparação com um Moto G100 (Snapdragon 870) em modo Desktop (função Ready For), o Pi perde em velocidade, mas ganha na usabilidade do sistema, que se comporta de forma mais compatível com o que espero de um PC de mesa.

O equipamento permaneceu muito estável durante meus testes, com operação 100% silenciosa e pouco ou nenhum aquecimento – percebi pontos mornos embaixo da carcaça, uma zona que não implica qualquer impacto no uso.

O conjunto é bonito.

Achei que o conjunto ficou muito bonito em minha mesa, mesmo com as peças pretas que predominam em meu setup. Senti falta apenas de uma entrada P2 para fones de ouvido ou caixas de som no painel traseiro do teclado. Como não existe uma, precisei usar a saída do meu monitor para conectar meu headphone.

Minha impressão final é que o Raspberry Pi 400 provê uma experiência razoável como computador caseiro. Os bons resultados em tarefas básicas, juntamente com o baixíssimo consumo de energia, me deixaram satisfeito com a compra. Depois de um tempo, pretendo comprar um cartão micro SD para instalar uma central de emuladores e poder jogar alguns clássicos em meu tempo livre. Diria que, para quem tem a noção exata do que está comprando (uma máquina simples), é uma compra que vale a pena.