É um mini Game Boy perfeito? Anbernic RG280V – Review

Onde comprar? Loja oficial da Anbernic no Ali Express

A China tem produzido vários desses mini videogames que rodam jogos de plataformas clássicas, como Mega Drive, Super Nintendo e Game Boys. São bacanas pros saudosistas, que preferem controles físicos e a praticidade de se ter um produto voltado a apenas jogar.

Já testei diferente modelos assim, e um dos que se destacaram foi o Anbernic RG350. É um portátil com tela de 3.5 polegadas que se sobressai pela boa qualidade de construção e por ter poder de fogo suficiente pra rodar jogos tecnicamente “problemáticos”, como alguns de Super Nintendo.

Depois do RG350, a Anbernic ganhou certa fama na comunidade da emulação. Lançaram alguns modelos subsequentes, entre os quais está o RG280V. Ele claramente menor, embora mantenha uma tela grande, com 2.8 polegadas. O formato é radicalmente outro, lembrando um Game Boy clássico mais enxuto.

Curiosamente, este pequenino tem o mesmo hardware do irmão maior, o RG350: processador dual core de 1.0GHZ (JZ4770) e 512MB de RAM. Não é nada fora de série, tratam-se de peças antigas, na verdade. Mas ficam bem acima da média encontrada em concorrentes mais simples. Digamos que são componentes antigos, embora turbinados.

As menores dimensões do aparelho empurraram os controles para uma área apertada abaixo da tela. Há o direcional em cruz, quatro botões de ação, o Start e o Select. Do lado esquerdo estão os ajustes de volume e duas entradas pra cartão Micro SD. Na direita, há o botão de força e o Reset. Em cima, além de quatro botões de ombro, ou “gatilhos”, existe um plug para fones de ouvido e entrada USB-C para carregamento.

Porta USB-C. Felizmente, nada de micro USB.

Os botões de ombro funcionam surpreendentemente bem, dentro do possível: um fica mais elevado que o outro, então dá para ativá-los com partes diferentes dos indicadores – uma tarefa não muito simples para quem tem mãos reduzidas. Por outro lado, ironicamente, o tamanho faz com que quem tem mãos grandes se canse mais rápido por conta da ergonomia. Em minha experiência, aqueles games que exigem rapidez de movimento são meio chatos de se jogar por mais que meia hora.

De qualquer forma, sinto-me obrigado a elogiar a qualidade dos botões em si. Os gatilhos clicam de forma precisa e todos os outros têm um pressionamento bastante definido. Não são “fofos”, mas têm feedback macio. O direcional em cruz é competente em jogos de plataforma como Sonic e Mario, ou até mesmo para soltar hadoukens em Street Fighter II – enquanto você aguentar, antes de ter mãos cansadas.

Os botões têm um feedback legal.

O próprio videogame também apresenta ótima construção. Sabe aquela pulga na orelha que ainda podemos ter contra produtos chineses? A Anbernic está contribuindo para que ela suma. O RG280V se aproxima, e muito, de produtos desenvolvidos por empresas famosas dos EUA ou Japão.

A tela, com resolução 320×480, tem qualidade impressionante. Cores vibrantes, saturação na medida, bom brilho e nenhuma distorção na imagem quando vista de forma angulada. Também não apresentou fantasmas nas mudanças de frames, nem o chamado “screen tearing” – cortes nos gráficos muito comuns em modelos xing-ling. Para fechar o pacote, o som, que sai só por trás, é muito alto e deixa ótima impressão.

O sistema operacional é o Open Dingux, modificação do Linux já bastante conhecida no meio da emulação. Vem todo formatado para uso em portáteis, com abas de configurações, aplicativos, emuladores e jogos de código aberto – vêm alguns pré-instalados, que incluem uma versão refeita do clássico Streets of Rage.

Tem que achar a posição mais confortável.

O RG280V pode ser adquirido já com ROMs ou sem elas. No meu caso, comprei sem ROMs, e precisei adicioná-las através de um cartão micro SD que tinha em casa, introduzido no segundo slot da lateral. O primeiro slot, mais à direita, armazena o sistema operacional e só deve ser removido caso o usuário queira atualizá-lo. Honestamente, diria que os ganhos com isso são pequenos para boa parte do público.

E os jogos, afinal, como rodam? Baseado em minha experiência, atribuirei, arbitrariamente, escores numa escala de 0 a 100%: Mega Drive e Master System rodam 100%. Game Boys, incluindo o Advance, também 100%. Neo Geo, 95%. Nintendinho, 100%. Super Nintendo, 95%. PlayStation, 70%. Nintendo 64, 50%. A redução nas porcentagens indica que encontrei games que não rodavam em toda a velocidade, mesmo que por detalhes. No fim das contas, com um bom cartão micro SD, eu poderia resumir o desempenho no SNES, por exemplo, como perfeito.

Para mim, foi surpreendente o resultado no PlayStation, já que vários jogos rodam de forma lisa e outros podem ser consertados nas configurações de frame skip. É bom lembrar, entretanto, que a ausência de direcionais analógicos poderá limitar a quantidade de jogos que rodam sem limitações. Isso é ainda mais crítico no Nintendo 64 – mas este, de fato, não tem boa compatibilidade, então deveria ser desconsiderado de qualquer forma.

O que mais curti jogar no RG280V foram RPGs. Os de SNES, Mega e GBA ficam ótimos por aqui. É uma excelente máquina para rodar os Pokémons de GBA, por exemplo, o que já é grande coisa por si só.

Por fim, a bateria acabou superando as expectativas. A fabricante promete 5 horas de autonomia, mas consegui algo em torno de 7 ao usar os emuladores de SNES e GBA. Isso certamente irá variar a partir de fatores como volume do áudio, brilho e softwares rodados, mas me deixou pessoalmente satisfeito de qualquer modo.

A tela é show de bola.

O grande problema do RG280V é seu preço. Tanto no lançamento quanto na data de produção deste texto, ele está na mesma faixa do RG350: em torno 80 dólares. Levando em conta que é um produto muito mais limitado por conta de seu formato, ele acaba ficando mal na relação custo x benefício de quem quer um só aparelho para tudo. Por este preço, o maiorzão RG350 rodará as mesmas coisas com mais conforto, e há concorrentes que seguem a mesma linha, tal como o New Pocket Go V2 ou mesmo um Sony PSP modificado.

É um aparelho voltado a um nicho bem específico em minha opinião: pessoas que curtem games de RPG ou plataforma e querem algo super portátil, que cabe no bolso, para se ter como aparelho secundário. Como um “mini portátil”, ele faz tudo o que é preciso muito bem. Tem ótima construção, tela excelente e bateria digna. E é uma belezinha.